Segundo todos os livros chatos de primeiro semestre do curso de jornalismo e todos os meus professores, jornalista que se preze não pode ser tendencioso. Creio que a regra não é seguida à risca nem em terras tupiniquins nem no Japão.
Ela não valerá para o blog, pelo menos por hoje.
A angústia e o tédio são grandes. Me deu vontade de ser Argentina, por um dia. Não que eu tenha essa ridícula maneira brasileira de odiar os hermanos, Maradona, Tango e afins; mas o desejo de assistir- e não apenas ouvir- o show da minha banda favorita foi grande. Estavam tão
perto... perto em relação ao fato de ter sido a primeira apresentação na América Latina.

O Pepsi Music Festival, realizado em Buenos Aires e com vários dias de duração, trouxe bandas de peso para o cenário do Rock mundial como Nine Inch Nails, The Cult, Stone Temple Pilots e... Mötley Crüe.
Meu lado saudosista falou mais alto quando parei para pensar que não temos festivais desse porte no Brasil há anos. Desde o falecido Rock In Rio.
Ainda vivo se você considerar shows do que há de mais novo no pop europeu em Lisboa, Madrid e derivados Rock in Rio.Me envergonho pelo presente festival tanto quanto me orgulho do passado. Evento que nas duas primeiras edições se tornou uma referência para os artistas internacionais, ou seja, todo mundo quis praias, carnaval e o calor do Rio de Janeiro. A edição de 85 trouxe para cá o AC/DC, Ozzy Osbourne, Queen, Rod Stweart, Whitsnake, Yes entre outros. Já o de 91 contou com Billy Idol, Faith No More, INXS, Guns N' Roses, Judas Priest, A-Ha, New Kids On The Block, Prince e mais um bando. Quanto a terceira edição, meu silêncio basta.
Por que esse descaso? Empresários e promoters provavelmente alegariam os altos cachês e a falta de disponibilidade das bandas. Parece que todo mundo é ocupado demais para o Brasil... eu alego é a falta de interesse. Os pouquíssimos festivais que ainda nos restam, como o Skol Beats e o Tim Festival se privam quase totalmente a bandas independentes, afinal de contas, be cult is the new black. Nada contra a música alternativa, concordo que "pequenos" e novos artistas tem que ser divulgados, afinal de contas todos merecem seu lugarzinho ao sol. A crise é com a falta de investimento na diversidade. E que fique bem claro que não apenas no cenário do Rock.
Afinal de contas, por mais alternativo que o sujeito seja, quem resistiria ao show da Madonna, por exemplo? Mas o problema da realização de shows individuais está no valor elevado dos ingressos. O show da Rainha do Pop por exemplo, resume-se em R$ 250,00 enquanto a entrada para cada dia do Pepsi festival era aproximadamente 90 pesos, ou seja, menos de R$90,00. E isso é para assistir vários shows, desde bandas independentes, atrações reconhecidas no cenário nacional e algo de fora.
"Não se esqueça Tay Lee, tivemos Rolling Stones inteiramente grátis em Copacabana". É, esse tipo de evento se iguala aos cometas. Além do mais o show só foi de graça por que a Globo pagou boa parte do cachê da banda, em troca de transmissão exclusiva. Balela pura e gente demais que foi para pagar uma de "mamãe tô na Globo". Basta.
In memorian dos finados festivais de música não-alternativa, façamos uma prece. Caso isso não solucione, preparemos as malas para migrar para o país emergente mais próximo quando mais festivais -por lá- chegarem.
Vídeos do Pepsi Festival 2008: